CETÁCEOS
A diversidade de espécies de cetáceos nas ilhas de Cabo Verde é comparável ao de outros arquipélagos na região Macaronésica. Apesar do escasso esforço de pesquisa dedicado a estudar a ocorrência e distribuição de baleias e golfinhos em Cabo Verde, 24 espécies já foram descritas até agora nas águas deste arquipélago (5 Mysticeti e 19 Odontoceti). A maioria dos registros vieram de avistamentos oportunistas no mar e de arrojamentos na costa.
Até o momento, Cabo Verde é a única zona de cria conhecida para baleia-de-bossa (Megaptera novaeangliae) no Nordeste do Oceano Atlântico. A costa oeste de Boa Vista (de Ponta do Sol a Lacacão) tem sido reconhecida como o mais importante habitat e berçário da espécie no arquipélago. Pesquisas atuais tem como objetivo estimar o tamanho da população e descrever as relações genéticas com outras populações de baleia de bossa no Atlântico Norte (por exemplo, nas Índias Ocidentais).
Dados históricos indicam que Cabo Verde foi uma importante área baleeira. As baleias-de-bossas (Megaptera novoaeangliae) e os cachalotes (Physeter macrocephalus) foram as principais espécies-alvo capturados pelos navios baleeiros dos EUA. A sobre-exploração das espécies de baleias ao longo do século XIX e inícios do século XX levaram ao colapso das principais unidades populacionais no Atlântico Norte e ao início das atividades baleeiras em outras regiões, principalmente no hemisfério sul.
Ainda recentemente, em meados dos anos 80, não havia certeza de que as baleias-de-bossas ainda usavam as águas de Cabo Verde como área de reprodução. Pesquisas periódicas realizadas no arquipélago entre fevereiro e abril na década de 1990 e primeiros anos do século XXI confirmaram que a espécie ainda existia em Cabo Verde, de preferência, nas águas costeiras das ilhas orientais (Sal, Boa Vista e Maio).
O início das atividades de observação de baleias em Boa Vista, no final da década de 2000 renovou a atenção para esta espécie. Barcos para observação de baleias têm sido usados como plataformas para realizar algumas atividades de pesquisa, como o estudo sobre a distribuição temporal e espacial das espécies, as estimas da abundância relativa, a identificação das áreas mais importantes para as baleias e a obtenção de algumas informações sobre o comportamento acústico desta grande baleia.
A maioria das populações de baleias de bossa se recuperaram em todo o mundo desde que a caça comercial foi proibida em 1966. Atualmente, a espécie está listada como pouco preocupante pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). No entanto, por causa da relativa pequena dimensão da população (provavelmente menos de 300 indivíduos) e isolamento genético (as baleias de bossa de Cabo Verde não cruzam com as das Índias Ocidentais), medidas eficazes de conservação devem ser urgentemente implementadas para preservar esta população.
A Lei protege todas as espécies de cetáceos na República de Cabo Verde (Decretos 17/1987 e 7/2002).